Espingardaria

Espingardaria Central A. Montez

Espingardaria Central A. Montez

Contactos

Telefone:

(+351) 21 342 5731

Ligações:

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Morada:

Praça D. João da Câmara 3
1200-147 Lisboa

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Horários:

Todos os dias

09:00 – 13:00 / 15:00 – 19:00

A Loja

 Com um olho no Teatro Nacional e outro na estação do Rossio, a Espingardaria Central vigia o desaguar da Avenida da Liberdade nos Restauradores, do seu posto privilegiado da Praça Dom João da Câmara. Do lado direito de quem entra pode-se ler gravado na pedra, "ESPINGARDAS REVOLWERS PISTOLAS CARGAS E TODOS OS ACCESSORIOS PARA CAÇADORES — ARTIGOS PARA ESGRIMA".
Atenção: revolwers não é uma gralha. Fala-nos de um tempo em que o duplo-vê tinha o seu lugar na grafia da nossa língua e ocupava o lugar do vê, e fala-nos de mais de um século de hábitos ortográficos, muitos acordos e desacordos volvidos desde 1902, data do primeiro cliente.
A Espingardaria Central nasceu numa década que iria mudar o rumo governativo da nação, apenas uns anos antes da transição da monarquia para a república. De facto, ali foram compradas as armas usadas no atentado contra o rei D. Carlos, incluindo a Winchester que lhe custou a vida. Quem as vendeu foi um jovem funcionário, em inocência do fim a que se destinavam. Esse jovem funcionário, uma vez ilibado de qualquer cumplicidade, viria um dia a tornar-se dono desta loja, emprestando-lhe o nome completo, mas também um reputado atleta olímpico. António Montez esteve presente em Paris, nas Olimpíadas de 1924, classificando-se em 30º na prova de pistola de velocidade a 25 metros. Quatro anos depois, voltou a marcar presença em Amsterdão. Também podia ter ido às Olimpíadas de 1920, em Antuérpia, mas faltou porque estava ocupado com um assunto importante. Justamente, com o trespasse da loja.


Foi nesse momento que se tornou proprietário, e desde então não saiu mais da sua família. Tendo o seu filho de sangue continuado o negócio, foi também “pai” simbólico de muitos atletas portugueses, nomeadamente de António Gentil Martins, que chegou às Olimpíadas de Roma, em 1960. Chamava-lhe “o pai Montez”, tanto como hoje a proprietária, Conceição Montez, deixa escapar um carinhoso “avô Montez” quando se refere a ele, entre histórias que são tantas e tão épicas, que parece improvável caberem todas na biografia da mesma pessoa.

Esta vida e esta personalidade marcam intensamente a história da loja, a mesma que também é sempre descrita como sendo a loja onde se comprou a arma que despoletou a transição da monarquia para a república, em 1910. Mas isso foi há mais de cem anos, e entretanto esta também foi a loja que viu os refugiados desembocarem da estação vindos de todos os cantos da Europa em guerra, foi a loja que atravessou a guerra colonial e o estado novo, e a revolução de abril, a que teve tantas armas mas não teve tiros. Seria interessante poder contabilizar quantos tiros disparou cada regime. Número impossível, é certo, mas potencialmente esclarecedor. A tudo isto assistiu a Espingardaria, junto com outras duas congéneres, lojas de armas de fogo, que hoje já não existem. Fez-se a revolução, deu-se a democracia, até aos nossos dias.

Hoje, as guerras singram noutras partes do planeta – mas infelizmente não cessam - e a esta loja procuram-na sobretudo caçadores, ou clientes em busca de uma arma de defesa pessoal. Também exportam armas, sobretudo para África. Além de armas de fogo, vendem todo o tipo de artigos que lhe estejam relacionados (balas, pólvora, estojos, etc) mas também canivetes-suíços, e uma parafernália de objectos úteis ao caçador, como binóculos, e outros.
Em 1948 houve um acidente na Espingardaria, uma explosão que resultou da manipulação de pólvoras. Não era possível manter a loja na localização actual, pelo que teve instalações temporárias numa outra Loja Com História, bastante vizinha, o Restaurante Leão de Ouro. Não havendo registos fotográficos dessa passagem, não deixa de ser curioso imaginar, as mesas do Café e as armas, o quadro do Columbano do Grupo do Leão e a arma do Alexandre Herculano, se já fizesse parte do espólio, como hoje faz. Aquilo que a História não documenta fica terreno fértil para a nossa imaginação...
Nos anos 80, deu-se um aumento das instalações, e a ocupação do primeiro andar do mesmo edifício. Em 1991 inaugurou-se ali uma Boutique de Caça, e reuniu-se a colecção de armas do avô, a que ainda hoje lá repousa. São estimadas três centenas de armas, de fabrico e de épocas diferentes. Para além das armas, esta colecção inclui objectos relacionados com a actividade, e muitos documentos. Há planos para que esta fabulosa colecção esteja eventualmente disponível ao público. Aguardamos o dia!

Espingardaria Central A. Montez
Espingardaria Central A. Montez

Produtos
& Serviços

Armas, munições e acessórios para caça, defesa e competição

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